Como o capacitismo, a dificuldade de inclusão nas escolas e inserção no mercado de trabalho atrapalha o desenvolvimento da pessoa com deficiência.
Foto reprodução de banco de imagens/Pixabay
Provavelmente você já deve ter ouvido e até mesmo reproduzido algum termo capacitista.
De forma resumida, podemos definir o capacitismo como uma atitude preconceituosa e discriminatória que vê a pessoa com deficiência inapta para o trabalho e incapaz de cuidar da própria vida. Rótulos e termos pejorativos como inválido, incapaz, louco, doido, aleijado, retardado e muitos outros são expressões e ideias que perpetuam uma visão equivocada da pessoa com deficiência, atrapalhando o processo de inclusão desse público na sociedade.
Utilizar estes termos reforça a ideia de incapacidade das pessoas com deficiências, e "elas não são nada disso, são seres com capacidades e dificuldades como outro qualquer, e que com o trabalho correto, podem aprender diversas coisas que antes, quando o termo era usado, não se sabia", cita Nina Ramos, monitora do Grupo Chaverim, atriz e arte-educadora na área da inclusão.
E para que as pessoas com deficiência possam se desenvolver, é necessário que sejam inseridas no meio social para terem suas próprias experiências. Porém, com a dificuldade de aprendizado, este desenvolvimento torna-se mais complicado de se concretizar.
Desde crianças, as pessoas com deficiência passam por diversas escolas na tentativa de alcançar uma melhor aprendizagem. É o caso de Gabriela Albalá, participante do Grupo Chaverim, que migrou por muitos colégios almejando se desenvolver.
Dos 2 aos 7 anos frequentou uma escola, após isso mais dois anos em outra, menos de um ano em mais uma, enfim permaneceu dos 10 aos 13 anos em uma iniciativa, depois outra instituição até os 27 anos e por fim uma última em que ficou por três anos.
Após vários anos de mudanças, "adquiriu hábitos da vida prática, fez algumas vivências no mundo do trabalho, desenvolveu-se na comunicação e compreensão do mundo, embora o pedagógico deixou a desejar," como relata sua mãe, Liliana Albalá.
Gabriela e Liliana no evento de Sima Woleir do Chaverim
No Brasil, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) constatou que há 6,7% de pessoas com deficiência (12,5 milhões), que possuem grande ou total dificuldade para enxergar, ouvir, caminhar ou subir degraus, além daquelas com deficiência mental ou intelectual.
Já a inserção da pessoa com deficiência no mercado de trabalho vem avançando consideravelmente nos últimos anos. Segundo o Relatório Anual de Informações Sociais (RAIS) de 2018, temos aproximadamente 486 mil pessoas com deficiência com empregos formais.
E a Lei nº 8.213/91, também conhecida como Lei das Cotas, determina que pessoas com deficiência ocupem de 2% a 5% do quadro de companhias com 100 colaboradores ou mais.
É o caso de Artur Berl, de 65 anos, participante do Grupo Chaverim, que já está há 40 anos no mercado de trabalho.
Ele conta que num geral sempre foram ambientes amigáveis e que, aos poucos, foi se capacitando enquanto esteve na Oficina Abrigada de Trabalho (OAT).
Porém, durante a pandemia, precisou fazer tarefas sem ter que ir à empresa e depois não pagaram por elas. Em outros momentos também, quando precisavam informar algo, só conversavam com o irmão dele e não o funcionário.
Diante disso, é importante nos atentarmos se as normas e direitos estão realmente sendo cumpridos com este público. A própria fiscalização de familiares e amigos próximos à pessoa com deficiência contribui muito para que possam ter qualidade de vida no trabalho.
O processo de inclusão e equidade em nossa sociedade vem prosperando, e podemos participar ativamente nos atentando aos termos e fiscalizando o nosso redor.
Referências
Capacitismo - https://talentoincluir.com.br/emprego/o-que-significa-o-capacitismo-para-pessoas-com-deficiencia/
Profissionalização da pessoa com deficiência - https://blog.cestanobre.com.br/inclusao-de-pessoas-com-deficiencia-no-mercado-de-trabalho/
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