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Quem sabe sigo a coragem da Dora


A Dora Mina Mucinic Cordeiro faleceu há algumas semanas. Enviei os pêsames e sentimentos, mas o texto ficou entalado na garganta ou guardado no coração.


Imagino que nos tenhamos visto antes, mas meu primeiro registro dela foi como recém-casada, mãe da Hanna.


Já a considerei corajosa ao se propor a cuidar de um serzinho delicado com todas as contingências que deixo para a imaginação de vocês.


Aí, acompanhei de longe, até que ela deu a virada na própria vida e passou a frequentar o Grupo Chaverim, cuja “sede” na Hebraica ficava ao lado da mesa da Revista Hebraica.


Da minha baia, eu ouvia telefonemas, acompanhava idas e vindas, algumas brigas e choros. De quebra, eles ignoravam a papelada na minha mesa, os palpites não requisitados, etc. Parceria, né ?


Eu acompanhei a integração da Dora ao Grupo Chaverim e como, de repente, ela se sentiu feliz sem precisar ser algo que não era. Que coragem. Se despir dos preconceitos e se irmanar a pessoas que são autênticas em sua fragilidade.


Eu a vi super alegre no palco do Festival Carmel. Comparada à covarde da mesa ao lado, ela se apresentava com os olhos brilhando e junto aos colegas arrancava aplauso e lágrimas da plateia.


Eu a vi participando de festas, shows, palestras, ouvindo recomendações que as mães normalmente dão na infância.


Eu a vi chorar, defender suas opiniões, brigar e reatar com amigos. Eu a vi se dedicando a si, independente da maternidade ou qualquer coisa.


Agora chegou a hora do Matzeiva, a descoberta do túmulo e a observadora não está mais na mesa ao lado, mas ainda admira a coragem e a autenticidade da Dora.


Quem sabe, um dia sigo o exemplo dela, me dispo dos medos e subo no palco do Carmel?


Magali Boguchwal Roitman

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